Por conta da minha decisão de embarcar no empreendedorismo, acabo conversando com muitas pessoas curiosas em saber como eu vivi esse processo e lidei com certos medos, inerentes a qualquer transição de carreira. E o que eu percebo é que hoje cada vez mais pessoas estão dispostas a buscar realização no trabalho, seja abrindo um negócio ou mudando sua área de atuação, mas a grande maioria ainda é paralisada por um medo comum: o medo de sair daquele emprego ilusoriamente seguro e ficar sem dinheiro.
Eu sei bem o que é isso. Eu particularmente também tinha muito medo de ficar sem dinheiro, e eu sabia que esse medo, de me sentir insegura financeiramente, tinha suas raízes na minha história de vida. Por essa razão, minha empatia é instantânea quando encontro alguém que me diz que trabalha com algo que não lhe traz satisfação, por que ainda não acredita que possa existir um casamento entre fazer o que ama e ganhar dinheiro.
Eu comecei a trabalhar muito cedo, com 16 anos. Minha família passava por uma grave crise financeira. Desemprego, divórcio dos meus pais, foi uma época difícil, que tatuou em mim o medo da instabilidade financeira. Embora eu pagasse desde cedo as minhas contas e muitas contas em casa, aprendi como ninguém a poupar, e foi nessa época que eu estabeleci uma postura conservadora em relação ao dinheiro. Às vezes me dava um presente ou outro, mas o meu dinheiro estava sempre à serviço de engordar minha poupança. Anos mais tarde, eu percebi na verdade que o meu dinheiro estava à serviço de acalmar o meu medo.
Foi justamente na época em que eu comecei a repensar a minha carreira e a forma como eu estava conduzindo minha vida profissional, que eu resolvi aprofundar e resignificar a minha relação com o dinheiro, afinal me arriscar no mundo do empreendedorismo automaticamente significaria entrar numa zona de vulnerabilidade financeira.
É quando a transição parece iminente que muitas pessoas são forçadas a olhar para essa relação conflituosa e, para a maioria delas, o medo de ficar sem dinheiro é tão grande, que elas resolvem dar meia volta e continuar onde estavam. Eu decidi fazer diferente.
O dinheiro não é uma finalidade, mas sim um meio que está a serviço de alguma coisa. Seja a serviço de pagar as suas contas e da sua familia, de proporcionar algum conforto, suprir alguma necessidade. E essa reflexão ficou martelando na minha cabeça: o dinheiro é um facilitador e, como facilitador, ele deve estar a serviço do meu sonho.
Pronto, essa era a epifania que eu precisava para finalmente dominar o meu medo de ficar sem dinheiro e, a partir desse momento, eu comecei a lidar com essa energia de outra forma.
Se esse é o seu medo também, assim como era o meu, talvez essas reflexões lhe ajudem a recriar a sua relação com o dinheiro:
1) Antes de mais nada, procure entender qual é a relação que você estabelece com o dinheiro. O dinheiro para você é um fim ou um meio? Você se sente merecedor dele ou não? Quando você vê alguém ganhando dinheiro a partir do seu trabalho, qual é o primeiro pensamento que lhe vem à cabeça?
2) Faça uma reflexão sobre o que é necessidade e o que é desejo. A resposta para isso está na compreensão dos seus valores. O que é importante para você? Mais do que isso, o que é inegociável? Elimine os gastos com tudo aquilo que não for puramente necessidade. Veja que o termo “necessidade” não está ligado a condições básicas de sobrevivência, apenas. Pense de uma forma mais ampla. Por exemplo, um violinista profissional “necessita” de um violino de $10 mil para exercer a sua profissão em alto nível. Eu não preciso, para mim seria um luxo desnecessário. Logo, o termo “necessidade” é altamente subjetivo e está ligado ao seu estilo de vida pessoal e profissional e seus valores.
3) Lembre-se: o dinheiro é um potencializador, tanto dos seus medos e vícios quanto das suas forças e virtudes. Encare-o como um meio para realizar coisas. A qual sonho esse dinheiro está a serviço? De que forma ele vai contribuir para a realização do seu sonho?
4) Não se melindre ao discutir sobre dinheiro. Outras pessoas dependem do seu dinheiro? Converse com elas. Explique o seu desejo, abra possibilidades, pensem juntos em soluções.
5) Tenha uma mentalidade de abundância. Não pense somente em poupar, mas em como você pode ganhar mais.
6) Acredite nessa verdade: quando fazemos o que amamos, ativamos uma força interior incomensurável, uma determinação nunca antes sentida e, acredite, quando ativamos essa força, somos recompensados infinitamente pelo universo, inclusive através da energia do dinheiro.

Todas as fotos © Christian Hopkins
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