Como nosso objetivo é inspirar, aqui no Nômades Digitais abrimos espaço também para ouvir histórias de pessoas que correram atrás dos seus sonhos e hoje conseguem trabalhar e viajar pelo mundo ao mesmo tempo ou simplesmente decidiram passar um tempo da suas vidas desbravando esse mundão. A história de hoje é a Julia Furquim e Tiago Moreira, que criaram o projeto Dois pelo Mundo. Vem ler e se perder nessa história:
A gente estava na sala de um hostel no interior do Equador, compartilhada com mais uns seis viajantes compenetrados com os seus planos de viagem. E, enquanto prestávamos atenção nessa cena, começou a tocar “You can’t always get what you want”, do Rolling Stones. Essa música foi como um estalo pra começarmos a escrever esse post, porque a frase “você nem sempre consegue tudo o que quer” diz muito sobre viajar.
Eu e o Ti tínhamos muita vontade de viajar o mundo, mas não dava coragem. Largar emprego, estabilidade, família, cachorro… nada disso é fácil. Mas, ao mesmo tempo, a gente não estava confortável com a nossa vida e isso angustiava muito os dois. Atiramos pra todos os lados tentando encontrar um plano B de vida e até abrir uma franquia de calcinhas no shopping chegou a passar pela nossa cabeça!!!
Mas, nesse meio de caminho, numa viagem de férias de 15 dias, a gente se deu conta de uma coisa besta, mas que nunca tínhamos concebido: nós não tínhamos obrigação de seguir a rotina “segunda a sexta” pro resto das nossas vidas, porque essa regra nunca existiu. Observando as pessoas, vimos que vida vai muito além disso. O mundo acolhe pessoas que vivem de tudo quanto é jeito, ganham dinheiro de tudo quanto é jeito, dormem em tudo quanto é canto…

Dar conta disso foi libertador pra nós dois, porque não tínhamos que achar uma solução “standard” para aquele momento. Não tínhamos necessariamente que mudar para outro emprego que suportasse nossos skills profissionais e nem seguir a mesma carreira até nossa aposentaria. E, depois de entender isso, nasceu a coragem de viajar um ano pelo mundo.

Da decisão até agora:
É claro que depois da decisão, a gente não chutou o balde, a gente se preparou. Do jeito que podia e que achava que devia. Mas, mesmo depois de quatro meses de estrada, vemos que ainda não estamos prontos pra nada, e isso é ótimo! Porque cada lugar por onde passamos inspirou e tocou a gente de uma forma diferente.
A primeira parte da viagem, pela Europa, nos ensinou a ver um mundo mais organizado e decente, onde pareceu que as pessoas têm mais chances de viver melhor. Tudo funcionou bem, banho quente rolou todo dia, os transportes foram todos oficiais, toda cidade tinha restaurante limpo. Foi ótimo – queremos levar muita coisa que aprendemos pra quando voltarmos pro Brasil – mas também quase tudo ocorreu dentro do esperado.
Agora na América do Sul voltamos a ver uma realidade mais dura e mais suja… Mas também foi nesse ponto que a viagem mais começou a ensinar. Ensinar a gente a viajar com mais romantismo, ser mais flexível, porque definitivamente não temos controle sobre tudo.

Nossos ganhos:
As pessoas são felizes sem necessariamente ter o que é esperado. Estamos aprendendo a confiar mais nos transportes não oficias, porque eles também vão nos levar onde esperamos. Descobrimos que, às vezes, a melhor coisa do dia é poder tirar todas as coisas da mochila e dormir com o silêncio. E que as vezes não importa que a salada de feijão tenha vazado na mochila, porque só descobrimos isso diante de uma paisagem gratificante, que fez esse incidente parecer pequeno demais. Sentimos que agora a viagem chegou a um momento mais espiritualizado, e isso tá sendo do cacete!


Por causa disso, também estamos conseguindo nos dedicar mais às nossas metas pessoais da viagem: o Ti voltou a estudar e está mais empenhado na fotografia e edição de vídeo. Eu estou praticando bastante o inglês, apreendendo a ficar mais em silêncio e treinando mais o meu lado espiritual.
Enfim, quanto mais longe vamos da nossa zona de conforto, mais aprendemos coisas novas e recuperamos outras que tínhamos quando éramos moleques: ficamos mais criativos e já conseguimos falar melhor sobre as atividades que queremos fazer quando a viagem acabar. Estamos aprendendo a ter mais paciência um com o outro – porque as vezes somos só nós dois e não tem pra onde correr. Eu já até chorei num dia que não encontrava um banheiro limpo – mesmo não sendo disso – e foi bom pra desabafar comigo mesma.
No fundo, você percebe que nem sempre consegue tudo o que quer, mesmo viajando. Mas se a decisão de encarar uma viagem como essa for latejante na sua cabeça, vai em frente! Transforme a conversa de bar numa passagem aérea, porque essa experiência de vida ensina demais 🙂





















Todas as fotos © Dois pelo Mundo

Você pode acompanhar as aventuras de Julia e Tiago no site do projeto Dois pelo Mundo ou através do Facebook e Instagram.

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