História Nômade

História Nômade: o casal que está há dois anos pedalando pelo mundo

Em bicicletas sentimos tudo. O frio úmido atravessa nossos músculos e chega até os ossos. Nossas roupas acumulam dias de terra, areia, chuva e ficam dias sem saber o que é sabão… a poeira entra em nossos olhos e com as mãos suadas pioramos a situação ao tentar tirar.

Engolimos fumaça em subidas quando o fôlego está quase acabando. Pensamos “onde fomos nos meter? Em que estávamos pensando?” e, junto com a fumaça, seguimos, com gosto de diesel na boca e com um ou outro cachorro nos perseguindo.

É uma escolha nossa. Temos pouca idade e muita energia para enfrentar o desconforto. Não fazemos muitos planos e quase nunca sabemos o que ou quem vamos encontrar naquele lugar que não sabíamos que iríamos dormir. Nos deixamos surpreender ao não criar muitas expectativas. Comemos o que nos oferecem, e quando não, o que nossas economias podem comprar, e quando não, a comida mais barata ou a mais próxima, que pode ser bem estranha. Não há escolha.

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A referência de sofrimento mudou e o desconhecido agora faz muito mais sentido. Não é preciso saber as horas e muito menos importa qual é o dia da semana. Faz parte não ter a noção de tempo, necessitamos nos perder no tempo. Nosso relógio é ditado pela luz do sol, pela chuva, pela fome e pelo cansaço. Já não nos perguntamos o que vamos fazer amanhã e sim nos deixamos surpreender com o que encontraremos em nosso caminho.

Ganhamos quase 50kg a mais, cada. Magrelas feitas de aço pintadas de branco fazem parte de nós. Nas subidas íngremes nos revezamos para levá-las até o topo e nas descidas nos divertimos apenas nos deixando levar pelo peso e estabilidade extra providenciada por um mínimo de equipamento, poucas peças de roupa, algumas peças de reposição e várias, várias histórias guardadas que merecem ser contadas.

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Dessa forma nos permitimos mudar o padrão de felicidade e enxergar que vale a pena ser simples. Sempre buscamos a simplicidade como forma de vida e agora provamos a cada dia que estávamos certos.

Escolhemos conhecer o nosso mundo assim. Escolhemos nos conhecer um pouco mais assim. Era, quiçá, nossa única chance. E aqui estamos, falando com estranhos, dormindo em granjas, portos, salões de eventos, vestiários de campos de futebol, provando novos sabores, alguns bons outros não, visitando velhos amigos, fazendo muitos outros novos… nos abrem suas casas, nos recebem de braços abertos e choram quando partimos. Muitos pedem para ficarmos.

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Não nos surpreendemos somente com as paisagens mas sim com cheiros, cores, sons e sabores. Já as pessoas ocupam um lugar muito especial em nossa viagem e são elas o motivo principal de estarmos aqui. Deixamos um pouco de nós e levamos muito conosco. Fotos, histórias, receitas e exemplos. Levamos um ânimo à mais para subir montanhas de novo, enfrentar o vento de novo, a chuva de novo, os motoristas imprudentes e o calor sufocante para deixar que o inesperado nos surpreenda, de novo.

Seguimos em frente pois não há como pedalar para trás.

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Completamos dois anos e cinco meses na estrada e para chegar até aqui planejamos por quase três anos. O plano era simples – trabalhar e ter dinheiro suficiente para comprar tudo o que precisaríamos para começar. A rota, mudamos logo no primeiro mês e a verdade é que fica difícil planejar algo quando não se quer planejar. O que importa é conhecer e provar de tudo um pouco.

Ficamos chateados quando o orçamento não nos permite ir mais além mas ainda assim é possível conhecer tudo de maneira muito mais real. Aqui estamos em busca de ver como é a vida de verdade em lugares onde turistas não vão e ver e vivenciar o que ela traz de tão especial.

Dizemos que estamos na última parte da viagem. Temos que confessar que o frio na barriga é pelo fim e o recomeço de algo que já não conhecemos mais. Recomeçar é o que fazemos todos os dias, na estrada, em casa de estranhos e não tendo uma rotina. Desta forma percebemos o quanto temos potencial para nos adaptar e assim será quando voltarmos.

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Abaixo o vídeo de apresentação da aventura do casal:

Bikes And Spices from Andre Cerri on Vimeo

Para conhecer um pouco mais e saber como foram os mais de 22 mil quilômetros pedalados até hoje e os que virão pela frente, as pessoas que conhecemos, os lugares incríveis e tudo o que nos tem alimentado nesse tempo, contamos com nossa página no Facebook  e no Instagram.

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Todas as fotos © BikesAndSpices

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