Além de Machu Pichu, que outros locais você conhece ou já ouviu falar no Peru? Como eles mesmo dizem: “Que te provoca en Peru?” É possível que você cite uma imensa lista de lugares bacanas, e isso seria muito bom! Porém, nem sempre é o que ocorre, a maioria das pessoas que vão ao Peru se dirigem a Lima e a Cusco.
Caso você deseje conhecer lugares ainda pouco visitados no Peru, seja por ter uns dias livres na sua trip ou por querer experiências mais autênticas, eu te indicaria a Selva Amazônica alta na circunvizinhança da cidade de Tarapoto. “Welcome to the jungle baby”!
Tarapoto é principal cidade do departamento (o que no Brasil seria estado) de San Martin, um grande centro comercial que conta com hotéis, restaurantes locais e internacionais, hospitais, agencias de viagens, rodoviária e aeroporto (com voos diários de/para Lima).
A cidade está inserida na Selva Amazônica alta do Peru que é também conhecida como “Yungas Orientais Peruana” – corresponde a vertente oriental da Cordilheira Andina. É uma região de extrema importância ecológica, caracterizada por seus “Bosques de Neblina”, rios e quedas de água – cachoeiras. Sua população é nativa indígena Quechua Lamista e mestiça, o que faz da região um caldeirão cultural.
Estes programas que escolhi eu os vivenciei durante as duas oportunidades em que vivi em Tarapoto (2009 -2010 e 2013), como amante da natureza posso dizer que eles estão no meu Top 10 por serem experiências autênticas em turismo cultural, turismo de natureza e ecoturismo. “Provecho”!
1. Mercado livre de Tarapoto
O mercado é imenso, popular, diverso, rico culturalmente e gastronomicamente. Ele fica na parte baixa da cidade. Do centro até ele dá uns 2 quilômetros, você pode ir à pé ou de “motocar” (moto típica da região usada para transporte público de no máximo 3 passageiros). Andar de “motocar” por si só já é um evento.

No mercado se vende de tudo um pouco e se encontra desde artesanatos da região como todo tipo de fruta e comida regional de boa qualidade.
Legal é ir para passar um par de horas, caminhar, se perder e se achar na confusão, tirar fotos e depois reabastecer as energias em um quiosque de comida. Existem muitas opções de comilanças no mercado, uma que adorava era o suco “sortido” – mamão, banana, beterraba, abacaxi, morango, água e mel, com o “arroz chaufa” – arroz, cebolinha, pimentão, cebola roxa, gengibre, ovo cozido e galinha. Caso você não coma carne prove as “humitas” – milho, ovo cozido, queijo e cebola roxa, que são uma delicia também. De sobremesa coma o chocolate “La Orquidea” que é produzido na região, é muito gostoso! O Peru foi considerado, em 2015 pela World Travel Awards, como o melhor destino culinário do mundo, então deleite-se!
2. “Ciudad” (Cidade) de Lamas
É considerada a capital folclórica da Amazônia Peruana, centro da cultura indígena Quechua Lamistas. Vá até o bairro de “Huayco” – bairro onde os índios e índias Quechua Lamistas mais habitam e vivem, quando saem de suas Comunidades nas zonas rurais.
Caminhe pelo bairro, observe a arquitetura das casas, as vestimentas coloridas das senhoras e sinta um ritmo de vida sem pressa. Em “Huayco” existem lojas de artesanatos locais com belas cerâmicas, cintos e tecidos.
Faça este passeio quando o sol baixar um pouco e no final da tarde se dirija ao Mirador de Lamas para ver o lindo Por do Sol da Selva Amazônica alta. Aproveite o momento e tome um delicioso suco de “Cocona” – fruta típica da zona.
Lamas está a 30 minutos de Tarapoto, se dirija até o “paradero” de Lamas (estação de passageiros) em Tarapoto e pegue um carro de linha (são carros comuns para 4 passageiros que pertencem a Associações de motoristas).

3. Rio Cumbaza, Ilha do amor e Parque Educativo e Ecológico Pampa de los Ninos, San Roque de Cumbaza
San Roque de Cumbaza está 40 minutos de Tarapoto. Para chegar até lá é preciso pegar um carro de linha no “paradero” de San Roque de Cumbaza em Tarapoto.
Vá até o rio Cumbaza, que possui águas limpas e frescas advindas de nascente da Selva amazônica alta, e caminhe até a “La Isla del Amor” (Ilha do Amor) – ilhota engraçada por ser pequenininha e possuir vegetação amazônica. Aproveite a praia de rio que ela oferece. Você poderá observar muitas borboletas e se tiver sorte poderá avistar as nutrias (lontras) que vivem por lá.
Siga até a “Monzona” e se gosta de adrenalina não dispense o salto de 8 metros do “Tambo”! (espécie de pequena construção de madeira) Este salto é bem popular entre as crianças do distrito e possivelmente você receberá uma injeção de motivação para o salto.
Depois vá até a ponte de pedestres, que liga as Comunidades Nativas a San Roque de Cumbaza, e cruze o rio, para chegar a “Mishikiyacu” – significa água rica em Quechua lamista. É um banho reenergizante.
San Roque de Cumbaza possui uma Associação Comunitária de Gestão Turística – ACOGETUR. Então caso não queira fazer isso tudo só contrate um guia local que pertence à associação.
Legal é iniciar o passeio na parte da manhã para almoçar na casa de alguma senhora que oferta comida local (elas também fazem parte da associação). Este é um ótimo programa para famílias, grupos de amigos e casais.

4. “Ruta Filo” – Cachoeira de Sunipicausani, San Roque de Cumbaza
A “Ruta Filo” irá levar você a uma das mais belas, intocadas e de difícil acesso, Cachoeiras desta localidade – Cachoeira de Sunipicausani. Ela é imponente, misteriosa e divina.
A caminhada é forte, exige bom preparo físico. É ideal para “[email protected]” (a partir daqui a “@” nas palavras serve para indicar ambos os gêneros – masculino e feminino J).
No trajeto é possível ver:
– Mirador Ecológico: o local proporciona uma linda vista do vale da “Cordilheira Escalera” – cadeias de montanhas que conformam a paisagem geográfica, linda de se ver e admirar;

– As imensas e deslumbrantes pedras de “Atun Rumy Chico” (pedra de 100 metros de comprimento por 10 metros de largura) e “Atun Rumy Grande” (pedra de 100 metros de comprimento por 20 metros de largura);
– A pequena, porém charmosa, Cachoeira de Atun Rumy Grande (8 metros de caída em um poço que dá para nadar e se banhar);
– A Cachoeira de Sunipicausani (100 metros de caída de água e um lindo poço para nadar) onde existe um “Tambo” para dormir;


– As Comunidades Nativas de Chiricyacu, Aviación e Chunchiui: onde vivem @s [email protected] [email protected] Quechua Lamistas;
– Bosque de Neblina – Bosques de altitude com característica amazônica.
O trekking pode ser feito em 2Dias/1Noite até 8Dias/7Noites, você quem escolhe.
O passeio pode ser contratado através [email protected] guias locais ou representantes de ACOGETUR em San Roque de Cumbaza. Leve protetor solar, repelente e barrinhas de açúcar para dar energia durante o trajeto. Curta isso tudo e boa caminhada!


5. Comunidades Nativas Indígenas Quechua Lamistas, San Roque de Cumbaza
As Comunidades Nativas de Chiricyacu, Aviación e Chunchiui são autênticas comunidades indígenas Quechua Lamistas.
Suas populações pouco recebem visitantes e estão inseridas no programa ecoturístico de San Roque de Cumbaza, o que possibilita a visitação às comunidades.
Você terá a oportunidade de conversar com [email protected], observar sua forma de vida e a arquitetura ecológica de suas casas. O tempo na comunidade tem outro ritmo, quase não há sinal de celular (internet nem em pensamento).
O melhor local para viver esta experiência é em Chiricyacu ou Chunchiui por estarem um pouco mais preparadas para receber pessoas. Em Chiricyacu você encontra: local para dormir, local para comer (na casa de alguma senhora) e oficinas de artesanato local – Existem senhoras que realizam estas oficinas (mas precisa falar combinar antecedência), o investimento é de 30 soles, dura um par de horas e você sai com uma peça exclusiva! J
Esse é um passeio diferente, envolve descoberta e simplicidade. É preciso estar abert@ a uma situação nova, sem luxo, porém de grande veracidade e intensidade. Essas Comunidades são exemplos de resistência e amor ao estilo natural e sustentável de se viver na terra. Um bom programa de imersão cultural, para todas as idades, Imperdível!
Não existem agencias turísticas que ofereçam esse produto, então, faça contato com @s guias de ACOGETUR para ir até as Comunidades. Para chegar às Comunidades Nativas você pode ir por Lamas (de forma independente com carro de linha) ou por San Roque de Cumbaza (com guia).


6. Cachoeira de Huacamaillo, San Antonio de Cumbaza
Huacamaillo tem 20 metros de queda, forma um poço para se nadar e uma gostosa praia.
A caminhada (trekking) tem duração de 4 horas – duas horas para ir e duas para voltar. É necessário cruzar três vezes o rio, então se choveu bastante no dia do passeio nem se arrisque em ir. Durante o trajeto é possível avistar rãs, pequeniníssimas e coloridas, e aves locais.
Para realizar a caminhada é necessário passar no portão de controle da trilha, pagar a taxa e contratar um guia local. É ideal para quem pratica exercício regularmente. Leve água e repelente
Para chegar até o Distrito você deve ir até o “paradero” de San Antonio e tomar um carro de linha. Procure se informar até que horas tem carro de linha para retornar (geralmente a partir de 3 da tarde já não havia mais carros).
Este é um setor que cultiva uva por meio da agricultura familiar e produz vinho orgânico de forma artesanal. A bebida é um pouco doce, mas vale a pena comprar uma garrafinha pra tomar a noite após a bela trilha.

7. Rafting no Rio Mayo, Tarapoto
Para @s [email protected] que gostam de um pouco de adrenalina, uma boa pedida é descer as corredeiras do Rio Mayo com o Rafting – O rio Mayo é um exemplo típico de um rio de porte mediano da Selva amazônica, tem largura de 40 metros, cor turva amarronzada e possui um grande volume de água.
O passeio dura em torno de 4 – 5 horas. O Rio é calmo, mas possui algumas corredeiras de nível 2 e 3. Vale a pena, é Show! Leve água, protetor solar e repelente.
A atividade é ofertada pelas agencias de turismo de Tarapoto, que estão localizadas no centro, próximo ou por trás da “Plaza” de Armas.
Depois do passeio você pode procurar algo para comer acompanhado de uma deliciosa “Cuzquenha” (Cerveja local)! No centro de Tarapoto tem todos os tipos de restaurantes locais e internacionais. Mas caso você queira comer comida local e não seja vegetarian@, vá a uma “Polleria” (lembra o ambiente de churrascaria, porem o prato principal é galinha ao forno com “chips” de “Plátano” – banana verde frita). Será uma experiência gastronômica. “Buen provecho” (bom apetite) [email protected]”!

8. Chazuta, grande centro artesão
Um lugar especial, composto por uma população milenar de índios e índias Quechua.
Está a 44 quilômetros de Tarapoto e para chegar até lá você deve ir até o “paradero” Chazuta e tomar um carro de linha.
Caminhe pelo povoado, converse com as artesãs e artesão, tire fotos e vá até o centro “Wasichay” de artesanatos. É um lugar adorável. Não deixe de comer um chocolate da zona “Mishky Cacao”, são ótimos! Vá até a “Plaza” de Armas (Praça central) para ver as urnas funerárias que foram descobertas em 1999. Conheça o estilo de vida “Chazutino” e encante-se com sua riqueza cultural. Faça esse passeio só, com amigos, famílias ou em casal. Vale muito a pena! Leve água e repelente.
Você pode ir de forma independente para Chazuta seguindo as dicas acima, não tem erro. Mas caso prefira contratar os serviços de alguma agencia de turismo você as encontrará no centro de Tarapoto.
9. Cachoeira de Ahuashiyacu, Tarapoto
A Cachoeira está localizada na Área de Conservação Regional Cordillera Escalera. Possui uma queda de água de 40 metros e é de fácil acesso – caminhada entre 20 e 30 minutos.
Ahuashiyacu é gerenciada por uma Associação de Guarda Bosques local e se cobra entrada. O dinheiro recebido é utilizado pela associação para custear os gastos da conservação e pagar @s funcioná[email protected].
O ambiente é ótimo para passar à tarde ou manhã, evite finais de semana. Leve água e lanche para passar “un rato” – passar um tempo como falam @s [email protected]. Este é um ótimo programa para todas as idades.
A cachoeira fica a 15 quilômetros de Tarapoto e para chegar lá você pode ir de transporte local – “motocar” ou carro de linha. Se preferir, pode contratar uma agencia de viagem pelo centro de Tarapoto.

10. Laguna Sauce
Nos dias de semana é um local bem calmo, muito gostoso para navegar (pela imensa Lagoa) ou simplesmente descansar e banhar-se.
Chegando ao local você terá opções de passeios (navegar, é um deles e é bem legal) ou poderá apenas cruzar a lagoa (em embarcação local) para o outro lado que é mais calmo e tranquilo, ideal para um pique nique.
Esse é um passeio relaxante, não há muito que fazer além de admirar a paisagem e aproveitar a calmaria. Aproveite o tempo para ler, escrever, pintar ou praticar yoga. Vá com sua família e descanse!
Se der fome, não perca a oportunidade de provar o “plátano com mani ou plátano com queso”! (banana assada na brasa com amendoim ou queijo), é muito bom! São senhoras que ficam vendendo nas bordas da lagoa.
Para chegar à “Laguna” (lagoa) é necessário tomar um “motocar” até o “paradero” de Sauce e embarcar em um carro de linha.

Desejo que estas dicas te inspirem a vivenciar autênticas experiências em lugares inusitados do Peru. Dizem que quando conhecemos um novo lugar, esse lugar carrega um pouco de nós e nós um pouco deste lugar. Levo comigo de uma maneira muito especial cada recanto, paisagem, cheiro, sabor, cor e sentimento desta região. Você irá se apaixonar! Boa viagem!

Todas as fotos © Rodrigo Adrião
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