Brasileiros Viajantes

6 coisas que mudaram minha vida voluntariando no Camboja

Mais uma edição do Brasileiros Viajantes e mais um destino novo. Dessa vez, quem os leva na viagem é Leticia Mello, uma brasileira que se encantou pelo Camboja enquanto esteve por lá voluntariando. Dentre a lista de coisas que aprendeu, Leticia reuniu algumas pra gente:

Viajar sempre foi uma paixão na minha vida, mas desde cedo eu comecei a perceber que viajar para brigar pelo melhor ângulo naquele ponto turístico concorridíssimo e andar de taxi não era comigo. O que me encantava nas viagens eram as pessoas, sabores, cheiros e as aventuras inusitadas que eu me metia, as quais eu só tive acesso por eu não ter grana suficiente para aquilo que a maioria dos turistas tinham. Controverso, né?

Precisei agregar um valor maior às minhas viagens. Com isso criei o Do For Love Project e parti para uma aventura de 6 meses pelo sudeste asiático voluntariando de forma independente, sem intermédio de nenhuma agência. Dentre minhas andanças, fui parar no Camboja, onde fui com a intenção de ensinar inglês para crianças carentes, mas acabei aprendendo muito mais do que ensinando.

1. Guerra recente

O Camboja é um país devastado por uma Guerra Civil muito recente, que acabou em torno de 1979, no entanto os cambojanos apenas voltaram a viver em relativa paz após os anos 90. Eles ainda vivem o reflexo do governo de Pol Pot que governou o país sob o regime do Khmer Vermelho e foi responsável pelo Genocídio Cambojano que matou mais de 2 milhões de pessoas, o que representava na época ¼ da população – eu acredito que esse número seja muito maior do que as estatísticas nos revelam.

Conhecer um pouco da história do país foi importante para entender a realidade dos cambojanos e para criar uma reflexão bem profunda em mim. Esse é um dos maiores benefícios de viajar: vivenciamos realidades diferentes, que geram questionamentos e nos fazem crescer, certo? Poderia falar do Angkor Wat, da cerveja por 50 centavos e sobre andar de tuk tuk. Mas isso seria muito superficial, afinal de contas, não tem como não se comover com a realidade do país.

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2. Voluntariando

Da mesma maneira que eu me deparei com a pobreza, eu me deparei com a esperança e sorrisos. Voluntariar como professora de inglês em uma área rural no Camboja me trouxe a possibilidade única de entender a vida local e de ter empatia pelos meus alunos. O voluntariado vale a pena porque as pessoas têm sonhos. Eu sonhei em estar lá e as crianças sonham com um futuro melhor. Sem sonhos, nada disso existiria.

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3. Modo de vida

Nós, os voluntários, dormíamos no segundo andar da casa do diretor da escola em um quarto grande com vários colchonetes no chão, cada um coberto por uma rede contra mosquitos. O banho era de caneca. Tudo muito simples e algumas vezes, diria até que precário. Vivia com roupas largadas, com o pé sujo e cabelo preso. Aprendi a deixar minhas vaidades de lado e a valorizar outros valores. Claro que não largaria tudo pra viver assim pra sempre, mas acho que vivenciar isso me ensinou a ter equilíbrio e a me questionar sobre o que é necessário e o que é supérfluo.

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4. Construção de uma casa

Eu consegui arrecadar dinheiro com amigos e familiares no Brasil para a construção de uma casa no Camboja que na época serviu de moradia para uma família e que atualmente acomoda alunos que não têm como ir e vir para a escola. Todos nós adoramos falar de como a Ásia é barata para viajar, correto? Pois eu descobri que é barato ajudar também. Essa casa foi construída com USD 800,00. Parece até brincadeira que com tão pouco é possível construir uma casa, né? Mas foi possível e ela se chama Home of Hope (Casa da Esperança) e tem uma placa com a bandeira do Brasil e um agradecimento.

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5. Crianças

Pode perguntar a qualquer pessoa que já foi ao Camboja – as crianças de lá têm um brilho diferente e elas tocam seu coração. Elas estão em todo lugar e são os melhores vendedores que eu já vi na vida. Elas são insistentes, chegando a ser até mesmo irritantes e vão te comover de alguma maneira. As crianças cambojanas têm traços lindos e sorrisos irresistíveis. O que pode ser um grande problema, pois muitas delas foram ensinadas a dar golpes nos turistas, então devemos estar sempre atentos.

Na escola que voluntariei, o sorriso deles era minha maior motivação. Todos os dias eles estavam lá, sem nenhum bem material, mas cheios de vontade e sonhos.

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6. Livro

Esse livro é intenso e inspirador. Infelizmente eu não consegui achar ele em português, mas para quem lê em inglês fica a recomendação de um livro incrível: First They Killed my Father (“Primeiro eles mataram meu pai”). O livro conta a história real da menina Loung Ung, que antes do Kmer Vermelho vivia uma vida privilegiada no Camboja e que de repente foi forçada a se separar de sua família e ser treinada como soldado no campo. Ela conta sob a perspectiva da criança que era como foi viver os horrores desse genocídio. É uma história real de esperança e força.

Para quem gostar da história, vale a pena ler o segundo livro dela: Lucky Child (“Criança Sortuda”).

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Fazer 6 meses de voluntariado pelo Sudeste Asiático foi como um todo, uma grande mudança na minha vida. A criação do Do For Love Project é a realização de um grande sonho, onde a minha paixão por viajar foi somada ao meu desejo de ajudar. Se você está em busca daquela viagem com um algo a mais, eu recomendo muito a realização de um voluntariado. É uma viagem acima de tudo de autoconhecimento, mas onde você tem a possibilidade de compartilhar de forma genuína valores que moeda nenhuma pode comprar.

Gente simples, fazendo coisas pequenas, em lugares pouco importantes, conseguem mudanças extraordinárias” – Provérbio Africano.

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Para conhecer melhor a Leticia e sobre a trajetória do Do For Love Project é só acompanhar o site www.doforloveproject.com e a página do Facebook.

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