Nosso quadro Brasileiros Viajantes continua surpreendendo pela quantidade de histórias e lugares que amigos, conhecidos, colaboradores ou leitores têm enviado para o Nômades Digitais. O objetivo é encontrar brasileiros que vivam ou tenham vivido em qualquer parte do mundo fora do Brasil e desafiá-los a compartilhar suas experiências. Hoje temos a colaboração de Jus Prado, uma brasileira que quer provar que morar na França é bem mais do que conhecer Paris. Dá uma olhada nesse Brasileiros Viajantes super especial.
“Você está morando na França! Legal, em Paris?” Ouço muito esta frase quando digo que estou no país de Napoleão e, para ampliar o conhecimento daqueles que resumem a França apenas aos parisienses e generalizam os franceses como arrogantes, apresento-lhe os savoyards e o que venho aprendendo com eles.
Savoyards é como são chamados os habitantes do departamento de Savoie e Haute-Savoie na região leste da França, fronteira com a Suíça e a Itália. É aqui onde está o maior e mais famoso pico dos Alpes: o Mont Blanc (4.810m).
1. Tempo é sagrado
Aqui não existe aquele sentimento de culpa por simplesmente estender uma canga na grama e olhar para o céu, sentar e ler um bom livro ou literalmente fazer nada. O tempo é precioso e não há dinheiro que compre a tranquilidade de reservar um tempo para você e para as pessoas que você gosta de estar junto.

2. Valorize-se
Sentir-se “bien dans sa peau” (“bem na sua pele”), cuidar sem exageros do corpo e da aparência, valorizar o seu trabalho e buscar entender que felicidade só depende de você mesmo são qualidades que eles trabalham muito bem por aqui. Claro que não tem como generalizar e sempre tem aqueles que exageram na autoconfiança caindo na já conhecida arrogância.
3. Natureza, a segunda casa
Sempre gostei de estar na natureza e aqui é o lar dos outdoors! Alpinismo, escalada, caiaque, parapente, paraquedas, trekking, mountain bike, camping esqui, entre muitas outras possibilidades no ar, água e terra são algumas das atividades que encontramos em quase toda a região e o que movimenta boa parte da renda também. É comum encontrar gente de todas as faixas etárias nas montanhas, praticando tudo quanto é tipo de atividade, desde esportes extremos a viagens e acampamentos em campervan em qualquer estação do ano!

4. Queijo nunca é demais
Principalmente no inverno encontramos diversos pratos com queijo além da fondue e raclette existem também tipos raros de queijos, como o Mont D’or ou Vacherin (nome suíço) que são exclusivos de uma área dessa região chamada Jura (França) e Vaud (Suíça). Seu processo de fabricação 100% artesanal começa em agosto e vai até março e os queijos são colocados à venda a partir de setembro até no máximo começo do mês de maio. Para mim, um dos melhores queijos – se você também é um amante de queijos tem que vir experimentar!

5. Comer, mexer-se
“Manger,bouger” é o slogan de uma das campanhas que promovem a saúde. Achei interessante porque é bem isso que vemos nos savoyards, eles comem bem e fazem exercícios físicos com frequência – é nesse momento que queimamos as calorias a mais vindas do tópico acima – mas o fato é que quase não se vê pessoas obesas por aqui e não tem como não entrar no ritmo!
6. Beber vinho faz bem
Para acompanhar os saborosos queijos tem que ter saborosos vinhos e beber vinho com moderação faz bem a saúde! Um (às vezes dois, três, rs) cálice de vinho na janta, pelo menos 2 vezes na semana, é essencial depois de um dia de trabalho.

7. Qualidade de vida começa na mesa
Aprender a comer com qualidade e moderação é importante para fluir com o estilo de vida daqui. Os savoyards habitam em vilas pequenas onde geralmente podem plantar e colher muitos dos vegetais e frutas que vão à mesa. Há também as lojas bio – de alimentos orgânicos – e feiras com produtos frescos direto das fazendas. Além disso, eles sabem apreciar um pouco de cada coisa e não se privam de nada, mastigam devagar os alimentos e muitas vezes proíbem distrações como celulares, iPads, entre outros aparelhos eletrônicos durante as refeições.
8. Sesta
Muito comum nas pequenas vilas onde até os horários de funcionamento dos estabelecimentos respeitam a risca a soneca após o almoço. Bom, se todos dormem de fat, eu não sei, mas com 2 horas de almoço sobra tempo para dar uma relaxada e fazer a digestão sem pressa.
9. Vá de bike ou pegue carona
O transporte público (ônibus e trem) entre as pequenas vilas não tem horários muito flexíveis. Por este e outros motivos, como o simples fato de curtir dar um pedal, as pessoas usam mais a bike e quem não tem o pique para ir de bike ou vai para algum lugar mais longe, pede carona mesmo. É muito comum ver caroneiros homens, mulheres, sozinhos ou acompanhados e de diferentes faixas etárias nesta região.

10. Cordialidade
Pode ser que o costume da cordialidade esteja mesmo ficando reservado apenas para as cidades pequenas ou para o pessoal do campo, que ainda olha nos olhos de um desconhecido e diz “Bonjour!”. Cumprimentar, agradecer ou ser cordial com o próximo em alguma outra tarefa do dia-a-dia é comum de se ver por aqui, contanto que seja em francês.

Jus Prado tem também um blog, onde conta mais sobre suas aventuras e dá dicas para viajantes. Conheça o Lotus Viajante.
Todas as fotos © Jus Prado

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