História Nômade

10 dicas para viajar com pouco dinheiro

No momento, estou dando a volta ao mundo com minha bicicleta de bambu, sendo que já estou há quase um ano pedalando pela África. Antes disso, viajei de bicicleta durante quatro anos pela América do Sul, com R$ 385 iniciais, e fui trabalhando conforme o dinheiro terminava. Quem quiser saber mais sobre a viagem, é só entrar no Roda Mundo.

Trabalhar na África tem sido mais complicado, por isso, hoje financio o Roda Mundo através de uma plataforma de financiamento recorrente. O raciocínio é simples: as pessoas que gostam dos meus vídeos e demais conteúdos de viagem, ou mesmo as que querem fazer parte do meu sonho de alguma forma, colaboram com uma pequena quantia mensal através de um site seguro. São quantias baixas, a partir de R$ 5,00. Tá aqui, ó: www.apoia.se/rodamundo.

Pois bem, vou deixar aqui alguns passos que podem ser úteis pra quem quem tem o mesmo problema que eu: muita vontade de viajar e pouco dinheiro no bolso. É mais simples do que parece.

1. Atitude

Há uma matriz de viagem que você deve ter em mente: quanto menos dinheiro, maior precisa ser a sua capacidade de adaptação, flexibilidade e improvisação. Isso de forma alguma quer dizer que você vai ter que passar fome ou pedir esmola, longe disso, apenas que você vai ter de utilizar outras formas para além do prosaico método da compra: fazer amigos, sorrir mais, ver no que vai dar.

Se você encarar os imprevistos como parte da viagem, provavelmente vai descobrir que as melhores experiências, aquelas que você vai lembrar pra vida toda, simplesmente costumam vir dos mesmos imprevistos de onde também saem as piores situações. Esteja preparado e desfrute os dois, é tudo parte do mesmo estilo de vida.

Viajar é mais do que se deslocar do ponto A ao ponto B. A atitude entre esses dois pontos é o que faz a diferença.

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2. Faça amigos e interaja com a população local

Imagine alguém de fora chegando na sua cidade: por mais que os guias de viagem e agências de turismo se esforcem, normalmente ninguém saberá melhor do que você como encontrar aqueles lugares que poucos conhecem, ou ter experiências melhores gastando pouco ou mesmo nada. Por que seria diferente quando é com você em outro lugar?

Não subestime o poder da conversa despretensiosa, olhe no olho, pergunte, sorria mais, e dessa base sai todo o restante. Os melhores lugares, o que evitar, pra onde ir, tudo sai dessa mesma base.

Você poderia ser anti-social e simplesmente pagar por tudo sem sequer olhar para as pessoas que te servem. Nesse caso, eliminando o dinheiro como forma principal de troca, as relações humanas são de vital importância.

Ok, dito isso, podemos ir a itens mais práticos.

3. Comida

Cozinhe, ou coma a comida local: você vai comer mais, melhor, mais fresco e pagando bem menos. Pergunte aos moradores locais onde eles comem, passeie pelo mercado local, converse. A comida local faz parte da cultura, então não faz sentido ir a outro lugar a buscar apenas o que você já tinha na sua cidade. Claro, nada impede de ocasionalmente buscar aquela pizza, um restaurante legal, não precisa ser radical.

Cozinhar também ajuda e MUITO. Opte por hospedagem em um local com cozinha, ou leve um fogareiro no seu acampamento, com o tempo você acostuma. Faça novos amigos e cozinhe com eles. Comer vai além da relação meramente comercial do restaurante, faça disso algo a mais.

4. Água

Incrível como se gasta dinheiro com água engarrafada, ainda que seja possível e relativamente simples obter água potável de forma segura e quase grátis.

Pastilhas de cloro são encontradas em qualquer farmácia, ou mesmo água sanitária, dá uma olhada na quantidade indicada por litro pra fazer a mistura (costuma ser uma média de 3 gotas por litro). Note que a quantidade indicada muda de acordo com a fonte da água, se é da bica (já clorada), do poço ou do rio. A água fica segura e com custo praticamente zero, já que você pode simplesmente encher as suas garrafas nas casas por onde passa.

Água gelada faz falta? Não seja por isso! Dá pra fazer a sua própria garrafa térmica, usando apenas garrafa, fita adesiva, papel alumínio e jornal, funciona MUITO bem. Se você dormir num local onde há geladeira, deixe as garrafas congelando e seja feliz durante todo o dia seguinte (claro, lembre-se de não encher a garrafa por completo, afinal o gelo expande e pode estourá-la).

Esse tutorial ensina de forma bem simples como fazer a sua garrafa, e também mostra os testes de retenção térmica: http://www.manualdomundo.com.br/2015/05/garrafa-termica-caseira-de-pet/.

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5. Hospedagem

Acampe ou use aplicativos de hospedagem gratuita. Nas cidades menores, pedir para acampar no quintal é mais simples do que se imagina, e nas cidades grandes há normalmente os tais apps.

Pra acampar, existe uma abordagem mais amigável e eficiente. Ao perguntar SE você pode acampar no quintal da pessoa, dizer “não” pode ser constrangedor e ela pode sentir-se invadida com o pedido. Ao invés disso, pergunte ONDE você consegue achar um lugar para acampar. Dessa forma, fica implícito o pedido de acampar com a pessoa e ela aceita caso se sinta confortável. Caso ela não ofereça o espaço, certamente vai te indicar um local ou pessoa onde as suas chances são melhores. Pergunte o nome dessa pessoa.

Chegando no local seguinte, você já vai poder dizer “O senhor que é o Seu Zé? A Dona Maria ali da esquina disse que o senhor pode ajudar a saber onde posso acampar essa noite!”. A pessoa vai se sentir lisonjeada em ser uma referência de hospitalidade. Caso não funcione, essa pessoa vai te indicar outra pessoa ou lugar, e assim segue o baile, não costuma demorar. Sorria, olhe no olho, não use óculos escuros, vá para fazer amigos, esse conjunto tende a gerar uma maior hospitalidade que vai vai te garantir um lugar pra dormir.

Se for parar em cidades maiores, a hospitalidade com desconhecidos pode ser menor, mas em compensação há os apps de hospedagem gratuita. Basicamente, são redes sociais onde você se inscreve, hospeda (caso queira) e é hospedado, sempre gratuitamente, e assim se forma uma comunidade de ajuda mútua entre viajantes. Há o clássico  Couchsurfing, além de grupos de Facebook (como o “acampe no meu quintal), entre outros. Para ciclistas, há uma excelente opção, o app “Warmshowers”, que funciona de maneira semelhante ao couchsurging, porém é destinado apenas para ciclistas.

O legal pode ser justamente substituir as relações comerciais por amizade. Ao invés de gastar o dinheiro pagando hospedagem, você pode simplesmente ir ao mercado e comprar comida para que todos cozinhem juntos, ou traga bebidas. Será mais divertido, barato e te trará mais experiência e amigos.

6. Diversão

Você não precisa ser um eremita para viajar gastando pouco. Se há uma coisa que não falha em qualquer lugar do mundo, em qualquer época, é que as pessoas dançam, fazem música e encontram maneiras baratas de se alcoolizarem.

Descubra as bebidas locais, caminhe pela cidade, pesquise se tem algum festival gratuito ou barato rolando, faça amigos locais. Divida uma garrafa de vinho com seus novos amigos, compre mais coisas no mercado, faça piqueniques, cada lugar tem as suas particularidades. Como descobri-las? Converse, pergunte, isso também te ajuda a se integrar com o lugar.

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7. Transporte local

Acredite, sua perna não cai se você usar outros transportes além do táxi. Caminhe, alugue uma bicicleta, use transporte público, as opções são inumeráveis e variam de lugar para lugar.

Na grande maioria dos lugares no mundo, você não vai ser morto, assaltado, sequestrado ou estuprado ao fazer isso, ainda que a TV diga o contrário. Ainda nos locais mais perigosos, o que pode acontecer é que você não possa transitar por todos locais em todos os horários, mas isso é mais raro que parece. Sempre pergunte aos locais sobre isso, a mais de um.

O táxi pode ser considerado também, mas não como um modal absoluto. Saindo de uma festa de madrugada ou em emergência, porque não? Apenas lembre-se que essa é uma opção entre MUITAS outras, e que algumas vezes dividir o taxi entre um grupo pode ter o mesmo preço do ônibus.

8. Transporte entre outras cidades, estados e países

Você vai se surpreender com até onde você pode chegar e quanto economiza usando transporte urbano para locomoção intermunicipal, ainda que fazendo alguma baldeação. Use intermodais (conexão entre diferentes transportes públicos, tipo ônibus + trem). Entre estados e  países, as experiências podem ser incríveis usando ônibus ou trem, ou mesmo carona.

Claro, eu não poderia esquecer do meio que eu mesmo mais utilizo, a BICICLETA. De bike é possível se locomover de qualquer lugar para qualquer lugar NO MUNDO, literalmente, com umas pequenas conexões em caso de água. Enfim, isso é um ponto sobre o qual vale uma postagem separada.

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9. Telefone e internet

Usar o roaming do celular pode ser extremamente caro. Considere comprar um chip local para fazer as chamadas locais. Converse com as pessoas sobre o melhor chip para internet, você pode se surpreender com a economia que se faz com isso.

Dependendo do lugar, há aqueles estabelecimentos auge oferecem WiFi, mas disso vocês já devem saber e não pretendo me estender chovendo no molhado.

10. Trabalho e outras formas de financiar a viagem

Esse é um tópico sobre o qual dedicarei um texto exclusivo, por isso aqui deixo apenas um resumo.

Trabalhe em troca de cama e comida (bares e hostels costumam oferecer essa opção), isso te dá autonomia para conhecer mais o lugar gastando quase nada, já que esse tipos de trabalho costumam ocupar poucas horas do dia e tendem a ser leves e até divertidos. Vale atentar para permissões e vistos para isso.

Você pode ver formas de exercer a sua profissão em outros lados do mundo, ou até mesmo aprender outras em que isso seja possível, isso pode ser rentável e prazeroso. Se você produz conteúdo na viagem e/ou possui uma rede forte, é possível monetizar isso. Crowdfunding, financiamentos recorrentes, rifas e etc.

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A volta ao mundo atual de Ricardo Martins é 100% financiada por seus seguidores, que contribuem mensalmente para que o sonho continue e seja compartilhado através de vídeos, podcasts e textos. Mais informações no www.apoia.se/rodamundo.



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