Por que El Nido?! Quando vou decidir por um destino, tento pensar em algo que traga uma experiência nova ou reveladora de alguma forma. Quanto mais exótico, melhor! Quanto mais improvável, melhor! Convenhamos que conhecer lugares fora do senso-comum é uma experiência no mínimo interessante. Conjugado a isso, busco destinos com pegada natureza, sinto que preenchem muito mais que as viagens urbanas, que sem demérito algum, possuem o seu charme.
Pois bem, comecei a pesquisa jogando no google “praias + sudoeste asiático”, simples assim. Queria curtir praia em algum lugar que fosse lindo e tranquilo, que não houvesse grupos turísticos, excursões, filas, barulho, ou seja, realmente algum lugar no meio do nada e que fosse paradisíaco.
Confesso também que queria ir longe. Sempre tenho uma curtição de ficar me imaginando no mapa-mundi e nessa fantasia, quanto mais distante, mais lúdica ela fica! Blog de cá, post de lá, pesquisa acolá, caí nesse destino, que sinceramente nunca tinha ouvido falar. Fui me aprofundando uma pouco mais na pesquisa, quando então apareceu El Nido, considerado por muitos viajantes como sendo o lugar mais lindo do mundo. Como assim?! What the f… is that ??? Ou melhor, WHERE is that???
Viajar para mim é sempre mixed feelings. Fico com aquela sensação de que a vida é GRANDE, é linda, que a experiência de viver é preciosa, que o mundo é infinito, mas ao mesmo tempo sinto uma certa deprê pelo fato de saber que em alguns poucos dias terei que voltar para minha rotina, sentar em uma mesa, frente a um computador e que, na verdade, passo a maior parte dos meus dias assim, tentando “ganhar” a vida, o que pode ser natural, dependendo do ponto de vista.
Então busco colocar as minhas viagens como um fator motivacional do trabalho, sempre planejando e pensando na próxima viagem, mesmo que esteja longe. A conta emocional vai fechando. Não dá para negar que o retorno das viagens vem recheado de questionamentos, reflexões, perguntas e dúvidas. Acho que também sou viciada em viagem por isso, além de tudo, me faz pensar…eu penso na vida em si mesma, penso na minha vida, penso na própria existência. E o que eu aprendo nas viagens? Que a vida é simplesmente FODA.
Mas enfim, vamos falar de El Nido?
1. El Nido é um paraíso perdido pouco visitado por brasileiros
Pertence ao arquipélago de Bacuit, extremo noroeste da Ilha Palawan, nas Filipinas. A região já levou o prêmio de lugar mais lindo do mundo em votações de revistas europeias especializadas em viagens, fato que faz muitas pessoas decidirem pelo lugar. Brasileiros não precisam de visto para viagens de até 60 dias. O fuso horário está 11 horas na frente de Brasília. A recomendação seria passar cerca de 5 dias completos no destino (até para valer a pena o perrengue de chegar, abaixo comentado!).
2. A moeda é o peso filipino (PHP) e as coisas são baratas
Muitas agências e hotéis aceitam dólares, mas é bom você contar com as duas opções de moeda. Existem casas de câmbio pela cidade, cuja conversão não é abusiva, portanto, se precisar trocar dinheiro (dólar ou euro) pelos pesos filipinos, não será um problema. O cartão de crédito é bem mais restrito, existe um ou dois pontos na cidade que possibilitam sacar, então é melhor garantir, pois nunca se sabe quando as máquinas estarão com problemas. Alguns estabelecimentos comerciais aceitam cartão, outros não.
3. Acessar El Nido é chato e cansativo
Perrengue mesmo. A principal rota é voar Manila (capital das Filipinas) para Puerto Princesa (capital da ilha Palawan, onde fica El Nido), em seguida ainda é necessário pegar um transfer que pode ser feito de van ou ônibus. Apesar da estrada ser afastada e a distância compreender 230 km, a viagem dura cerca de 5 horas, já que sua condição não é boa (asfalto ruim, buracos). A reserva da van para ida-e-volta sai cerca de 500 PHP por pessoa (cerca de R$ 40-50) e é feita diretamente no local, sempre há oferta. Dá para chegar em Manila de diversos lugares do mundo, basta pesquisar.
A região de El Nido (cidadezinha) não possui muita infraestrutura, poucos restaurantes, um pouco de lixo pela rua. O vilarejo é bem pobre. A maior parte dos hotéis na cidade não possui chuveiro quente e não se fala um bom inglês. Até existem alguns resorts pela região, mas ficam fora do circuito da cidade e são acessíveis somente pelo mar, de uma certa forma você ficaria “isolado”, então depende da sua proposta. El Nido não é indicado para pessoas que não gostem de aventura, pois tudo envolve uma certa “função”, chegar, sair, passear, comer.
4. A costa da praia em El Nido não é propriamente bonita
Não existem areias brancas e soltinhas ou aquele mar multicolorido na sua frente. Isso porque a proposta desse lugar é outra: os paraísos perdidos de El Nido são acessíveis somente de barco. Então é necessário pegar um deles (geralmente grupos de 8-10 pessoas por barco) e a partir daí fazer os passeios oferecidos pelas agências. As agências estão espalhadas pela cidade, que é pequena, ou seja, você as vê por todos os lados e não há nenhuma chance de você não as encontrar. São 4 os passeios principais disponíveis pelas agências da região. São chamados de Island Hoppings, enumerados de A a D, conforme a rota do passeio. Os melhores avaliados são os Tours A e C. A partir daí, é segurar o queixo no lugar!
5. Os tours Island Hoppings
Enumerados de A a D possuem rotas próprias independentemente da agência com que vc reserve. Todos eles duram o dia inteiro, partem em torno de 9 horas da manhã, de um local a combinar, e voltam cerca de 16-17 horas. A alimentação está incluída no preço e é servida pelo próprio piloto da embarcação e seu assistente. Algumas vezes a refeição é servida no próprio barco, outras vezes eles montam uma mesa (super fofinha) em alguma sombrinha de alguma das praias a serem visitadas. Os “marinheiros-garcons” são prestativos e a comida basicamente consiste em arroz, frutos do mar, peixe, frutas. Em um dos dias foi oferecido scargot do mar na refeição! Deu uma aflição, mas dá para comer e é bom! rs
6. Secret Beach
Apesar do filme “A Praia” (baseado em livro de mesmo nome) ter sido gravado na Tailândia (Phi Phi), a praia que inspirou o autor fica em El Nido e foi batizada de Secret Beach. É necessário atravessar nadando uma pequeníssima fenda em uma encosta rochosa, acessível somente de barco, para então encontrar uma pequena, mas incrivelmente linda, praia de areia branca e pequena vegetação. A visita à Secret Beach faz parte do Tour C. O lugar é pequeno e bem atrativo, então a quantidade de turistas aqui costuma ser maior. De qualquer forma, vale muito a pena!
7. Small Lagoon
Outro local i-m-p-e-r-d-i-v-e-l é a Small Lagoon, uma das paradas do Tour A. É realmente um dos lugares mais lindos de El Nido! O mar é verde-água e fica todo cercado por rochedos, falésias e fendas que parecem tocar o céu, criando um cenário que mais parece uma pintura. O melhor esquema na Small Lagoon é alugar um caiaque, já que no local existem muitos corais e a chance de você machucar os pés é grande. O aluguel do caiaque é lá mesmo, são como “lojinhas flutuantes”, você desce do seu barco e ali mesmo na água já aluga o seu, que pode ser individual, ou para dupla.
8. NacPan Beach
Um passeio interessante para se fazer em El Nido, que foge daquela proposta dos tours de barco, é passar um dia em NacPan Beach, uma praia linda, extensa, areia branca e fofa, coqueiros, água morna, estilo bastante tropical. Fica cerca de 40 minutos do centrinho de El Nido e dá para ir de scooter ou tuc-tuc. O motorista leva, espera o dia todo por lá e depois do pôr-do-sol voltam embora (recomenda-se pagar somente na volta). Existe um restaurantezinho meio choupana que é possível tomar sucos, cervejas ou comer um noodle, sem se importar muito, claro, com as condições de higiene. Necessário levar um repelente nesta praia, pois ao final do dia, aparecem uns mosquitinhos (sandflies) meios chatos, ávidos por um sangue latino, rs, que podem render até uma alergia de pele.
9. Segurança
Em termos de segurança, El Nido parece ser bastante razoável. Apesar de os nativos nem sempre falarem inglês, estão sempre dispostos a ajudar. Em El Nido, apesar de bastante pobre, não se vê mendigos, pedintes ou assédio excessivo em cima de turistas, é tranquilo. Nenhuma diferença objetiva em relação às mulheres, problemas com roupas, regras de comportamento, tudo bastante normal e natural.
10. Última dica: fazer um mergulho scuba!
Como a água é cristalina, há bastante luminosidade, o mar é calmo, e por isso tudo, a visibilidade é grande (cerca de 20-30 metros). Vc conseguirá ver corais, tartarugas marinhas, peixes variados, arraias, entre outras belezas submersas. Existem várias escolas de mergulho pelo vilarejo, vários pontos de mergulho e será bastante fácil achar e marcar com uma delas pessoalmente.
Dizem que a beleza das paisagens naturais é tão maior, conforme mais difícil o acesso àquele determinado lugar. El Nido certamente está dentro deste conceito. Acessar não é uma das tarefas mais simples, mas o esforço vale a pena. O prêmio é para seus olhos, é para sua alma, é para sua vida! Você realmente fica com vontade de agradecer ao Universo por poder estar vendo e desfrutando de paisagens e momentos tão inspiradores!
Todas as fotos © sabbaticallife
Você pode seguir as aventuras da Karina aqui.
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