A História Nômade de hoje é bem especial: não só porque temos como convidada Ana Paula Teixeira, do projeto @anapelomundo_66, como porque seu relato é bem particular e inspirador. Esta é a história de uma mulher que, sem se deixar levar pelos ‘conselhos’ que sopravam em seus ouvidos, decidiu botar o pé na estrada. E não se arrependeu. Vem ler:
Sabe aquela vontade que te bate de repente de largar tudo e viajar o mundo sem destino e nem hora pra voltar? Então, aí você pensa, e os amigos? Como viver sem eles? Como largar seu cargo conquistado com tanto suor? Ainda por cima, no caso das meninas, como carregar a vida em uma única mochila, sozinha, mundo afora? Afinal, o mundo deve ser muito perigoso pra uma mulher sozinha carregando uma mochila. Pronto, em 2 minutos já desistiu de tudo!
Só que comigo a vontade foi mais forte. Demorei quase um ano para tirar o projeto @anapelomundo do papel. Decidi, então, enfrentar os desafios e medos, mas isso é papo pra outro post. Hoje eu vou contar as lições que aprendi depois de ter passado um ano inteiro viajando sozinha por 18 países.
1. Defina o roteiro e faça o planejamento

Se você é uma pessoa desorganizada, que não planeja nada, esquece onde deixou o celular, o cartão de crédito, enfim, esquece tudo, fique tranquilo, tudo isso vai mudar na sua vida. Acredite: foi assim comigo. Aos poucos, você passará a ter noção das rotas, destinos, localizações. Até chegar o dia que, por incrível que pareça, você será metódico e estrategista.
2. Guarde seu dinheiro

Sim, ter dinheiro e se programar para a viagem é importante, mas não tem o peso que você imagina. Você vai perceber que na rotina de viver viajando gasta-se bem menos do que você já gasta no seu dia a dia. Dica fundamental: mais importante do que ter dinheiro é saber como você vai gastar e o que é importante para você. Tomar aquele vinho pontuação 98 da tabela Parker ou visitar uma atração única? Esse tipo de escolha passa a ser comum.
3. Pratique o desapego e dê lugar ao novo!

Não importa o quanto você ame suas roupas, maquiagens e acessórios. Eles terão menos importância na sua nova jornada. Seja por falta de espaço na mochila, pela comodidade de só usar aquela roupa super confortável ou até por preguiça mesmo de carregar o peso. Desapegar é libertador. Você aprende a viver com o mínimo possível e sempre dando espaços para novas aquisições. Em uma viagem dessas você muda os hábitos, renova a alma e aprende o que realmente é necessário para viver.
Como é incrível perceber que, mesmo saindo sempre com a mesma calça nas fotos por meses, ela agora faz parte de uma história única com você.
4. Não questione o seu sonho. Seus amigos e parentes já farão isso por você…

Por mais que você diga para as pessoas que vai investir tempo e dinheiro nesse sonho, que quer viajar sozinho foi uma opção, que foi sua escolha, muitas vão te questionar até chegar ao ponto em que quase você mesmo vai ficar em dúvida!
Já ouvi indagações habituais, tipo: onde está a tampa da sua panela? Nenhuma amiga quis ir com você? Cadê seu namorado? E por aí vai… Tirando algumas civilizações mais avançadas, as pessoas ainda acham estranho uma mulher estar aproveitando a vida sozinha. Para muitos essa é uma escolha aceitável apenas para homens ou mulheres jovens. Um pouco machista não?! Pois é, viajar e realizar seu sonho pode, também, ser uma lição para o mundo!
5. O mundo não é mais perigoso do que o que você já conhece!

Gente! Isso é sério. Moramos em um dos países mais perigosos do mundo para mulheres, principalmente no quesito turismo solo. Ocupamos o 4º lugar, segundo uma pesquisa da Organização International Women’s Travel Center (IWTC), entidade que se dedica a auxiliar mulheres viajantes.
Já estamos acostumados a ter cuidado redobrado na nossa rotina. Esse fato me ajudou a passar ilesa por países perigosos, como Índia, líder do ranking, e México, que ocupa o terceiro lugar.
É claro que situações estranhas e bizarras irão acontecer e você sentirá medo, ele faz parte da nossa vida, mas não acredito que seja determinante para estragar ou cancelar sua viagem. Siga em frente.
6. Não aceite convites em situações em que esteja vulnerável

Por mais atrativo que seja aquele convite que recebeu de um nativo simpático pra jantar ou tomar chá na casa dele, fuja! Às vezes dá uma vontade de saber mais sobre a cultura local, hábitos e tradições, mas não creio que um convite desse seja o momento ideal para desbravar. São muitos riscos envolvidos. Você estará sozinha para se defender. Infelizmente, não dá pra arriscar e ter certeza de que seria uma experiência legal.
Na Índia, fui convidada pelo motorista do meu tuc tuc, tipo de um taxi popular, pra jantar com ele e não fui. Na Jordânia, me chamaram para um casamento no deserto. Recusei. Como esses tiveram vários outros que também não foram aceitos. Use o seu instinto, a sua vivência pessoal e saiba que os perigos são os mesmos.
7. Faça amizades e viva intensamente histórias inesquecíveis

Foram tantas amizades novas durante esses 365 dias pelo mundo… É claro que sei não serão amigos que farão parte do meu dia a dia, mas, juntos, compartilhamos histórias incríveis e memórias inesquecíveis. Eles farão parte das suas memórias de viagens. Um período único. E agora, com as redes sociais, fica mais fácil criar laços mais fortes se quisermos. Conhecer pessoas com ideias e cultura tão diferente te faz questionar a sua visão de você mesmo e do mundo. Sabe daquelas experiências na vida que não tem preço? Essa é uma delas.
8. Viva o amor no mundo

Vamos lá, tem muita coisa ruim acontecendo por aí, mas tem muita coisa boa também gente. Viajar por tanto tempo me fez perceber que o mundo não é como a mídia nos apresenta. Vi pessoas muito felizes em países pobres e pessoas extremamente tristes em países ricos.
Não há uma regra geral: pobres são infelizes e ricos são felizes. O mundo não é o que se vê na televisão. O balanço foi mais positivo do que imaginava e a conclusão que tirei é essa. Existe, sim, muito amor no mundo e quem se dispõe a conhece-lo vai certamente ser mais feliz!
9. A liberdade compensa

Nada melhor do que fazer o que quiser na hora em que quiser. Viajar sozinha te possibilita viver a mais pura definição da palavra liberdade. Sem regras, horários e conceitos. Liberdade de escolha para tudo. Poucas vezes na vida tive a sensação de ser livre quanto viajando.
10. Siga o seu instinto sempre
Depois de viver uma experiência única como essa tudo mudará. Todas as suas percepções de pessoas, coisas e hábitos. Muitos medos e dúvidas que antes eram intransponíveis serão superados. O que antes era desafio agora será uma pequena pedra no caminho. Alguns conceitos antigos que você tinha serão descontruídos, seu olhar sobre a vida mudará.
A maior lição que tirei de tudo isso é seguir sempre o seu coração. Seja no dia a dia ou em uma decisão maior. O instinto vem de algum lugar lá no fundo e eu costumo seguir sempre! Siga também. Conte comigo!

Acompanhe novas aventuras em @anapelomundo_66.
Todas as fotos © Ana Paula Teixeira

Aprenda a ser um Nômade Digital
31.934 pessoas fazem parte de nosso grupo fechado de dicas por e-mail. É grátis!